domingo, 4 de outubro de 2009

As muletas

Quando começou tudo, eu queria apenas ser calma. Não como uma outra pessoa, mas assim como eu, calma, simplesmente. É que eu tinha percebido que eu vivia para os outros, então, decidi me livrar dos ‘outros’. Só que os outros era minha família! O que fazer então? As bifurcações do caminho... Alguma coisa, não sei o quê, me falou: “- Vai embora.” E eu fui.
Fui escalando a estrada, que tinha pedras enormes!! E depois menores e menores e enfim aprendi a andar com muletas!
Num desses passos apoiados, encontrei um rapaz observador. Ele disse que queria ser meu marido! Foi estranho. Ele também seria louco, assim como eu?
De tanto bater na porta, deixei-o entrar. Mas entrar pela metade, assim como ninguém merece amar. E ele me falou da simplicidade do mundo! Trouxe em suas mãos o presente que eu vim buscar. O ‘eu calma’! Ele trouxe, sim. Mas, mas eu não tinha mãos para pegar. Elas estavam presas às muletas, onde eu tinha que me apoiar.
É que eu não queria cair!!!
E depois entender que tudo são escolhas. As bifurcações do caminho... E ainda depois, entender que eu não sei escolher.


Patrícia Barbalho

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