terça-feira, 30 de setembro de 2008

O meu amor.

O meu amor tem um jeito manso que é só seu e que me deixa louca quando me beija a boca, a minha pele toda fica arrepiada e me beija com calma e fundo, até minh'alma se sentir beijada. O meu amor tem um jeito manso que é só seu, que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos com tantos segredos lindos e indecentes, depois brinca comigo, ri do meu umbigo e me crava os dentes, eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz. Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz. O meu amor tem um jeito manso que é só seu, que me deixa maluca, quando me roça a nuca e quase me machuca com a barba mal feita e de pousar as coxas entre as minhas coxas, quando ele se deita. O meu amor tem um jeito manso que é só seu, de me fazer rodeios, de me beijar os seios, me beijar o ventre e me deixar em brasa, desfruta do meu corpo como se o meu corpo fosse a sua casa.



Chico Buarque.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

(...)

A abelha que, voando, freme sobre a colorida flor, e pousa, quase sem diferença dela, à vista que não olha, não mudou desde Cecrops. Só quem vive uma vida com ser que se conhece envelhece, distinto da espécie de que vive.
Fernando Pessoa.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Leminski *-*

Desta vez não vai ter neve como em petrogrado
aquele dia o céu vai estar limpo e o sol brilhando
você dormindo e eu sonhando
Nem casacos nem cossacos como em petrogrado
aquele dia apenas você nua e eu como nasci
eu dormindo e você sonhando
Não vai mais ter multidões gritando como em petrogrado
aquele dia silêncio nós dois murmúrios azuis
eu e você dormindo e sonhando
Nunca mais vai ter um dia como em petrogrado
aquele dia nada como um dia indo atrás do outro vindo
você e eu sonhando e dormindo
___.
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que
depois de mim
de nós
de tudo
não reste
mais que
o charme
___.
Amor, então, também acaba? Não, que eu saiba. O que eu sei é que se transforma numa matéria-prima que a vida se encarrega de transformar em raiva. Ou em rima.



Judoca *-----*

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Rubi.

Saio à rua de manhã e me deixo levar, assisto à profusão de cores e de sons. Quem é essa multidão? Por que correr assim? Ninguém aqui jamais será tão só como eu, eu estou agora em outro tempo, outro lugar, longe de mim. Me vejo menina, num gramado, o sol bateu no vidro e então a janela se desenhou no chão. A vida era longa, às vezes distante, era promessa que não sei se cumpri, meus olhos ainda eram diamante, já chorei à beça, de hoje em diante, viraram rubi. Saio das cores, outra de mim. O vidro contra o chão, o sol na multidão. A rua que corre, ninguém como eu, manhã do tempo e então, me desenhei nos sons...

Às vezes.

Às vezes sou pensamento, às vezes sou emoção, às vezes misturo os dois, às vezes não. Às vezes eu teno pressa, às vezes vou de mansinho, não sei se sou avião ou passarinho. Às vezes eu vivo aqui, às vezes vivo na lua, às vezes abro o portão e vou pra rua. Às vezes olho para fora, às vezes olho para dentro, e quando não sei a hora, eu pego e invento. Às vezes faço o que devo, às vezes faço o que quero, às vezes não sei o que quero ou se não quero. Às vezes sinto tristeza, às vezes sinto alegria, às vezes eu viro a noite, às vezes, dia. Às vezes ouço que é sim, às vezes ouço que é não, às vezes só ouço meu coração. Às vezes tenho problema, às vezes tenho resposta, às vezes tenho solução, às vezes não. Às vezes sou menina, às vezes me sinto velha, às vezes acho que o tempo é um mistério. Às vezes sinto esperança, às vezes quase desisto, às vezes nem sei por que eu existo. Às vezes venho para junto, às vezes ando sozinho e fico lá na distância, pertinho.

Cuidar.

Cuidar da vida
como quem cuida
de uma casa
de um jardim
de uma paisagem
de um bicho
de um filho
de um corpo
de um sonho
de um amigo
de um amor

Cuidar do mundo
como quem cuida
da própria vida.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Todo esse ar.

Assim que o dia cai, penso em nós dois e o tempo esvai lembranças ruins. Não posso mais, vêm-me à memória os dias bons, que ficaram pra trás, volta uma vez mais, o mundo é pequeno sem ter com quem dividir as coisas banais. Faz muito tempo que eu não converso sobre a brisa e a sua cor, a dor é muito pra mim e eu não suporto mais. Andar só pelo jardim, me lembra você. E os teus aromas, formas voláteis do nosso amor, todo esse ar pra respirar, eu não vou conseguir, faz muito tempo, eu sei. Eu errei mais uma vez, quantas mentiras, quantas verdades, me esqueci de te contar.

Pessoa impulsiva.

Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou maduro bastante ainda. Ou nunca serei.”

sábado, 20 de setembro de 2008

Santa chuva.

Vem cá que tá me dando
uma vontade de chorar,
não faz assim,
não vá pra lá,
meu coração vai se
entregar à tempestade... ♪

(...)

Triste é ver e não enxergar
Caminhar e não aprender
Escutar e não ouvir
Falar e não dizer
Criar e não expressar
Tocar e não sentir
Pensar e não discutir
Receber e não doar
Saber e não crer
Viver e não amar.

Alcy Filho

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Liberdade.


Perceber aquilo que se tem de bom no viver é um dom
Daqui não
Eu vivo a vida na ilusão
Entre o chão e os ares
Vou sonhando em outros ares, vou
Fingindo ser o que eu já sou
Fingindo ser o que já sou
Mesmo sem me libertar eu vou

É Deus, parece que vai ser nós dois até o final
Eu vou ver o jogo se realizar de um lugar seguro

De que vale ser aqui
De que vale ser aqui
Onde a vida é de sonhar?
É hoje, é hoje! *pula*

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

(...)

Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.

O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.

O amor não é um bem: Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvaece.


Mário de Sá Carneiro.

domingo, 14 de setembro de 2008

Quando estou com ele, eu estou feliz
Só em saber que ele me ama
Sim, eu sei que ele me ama agora
Há uma coisa que eu tenho certeza
Eu vou amá-lo para sempre
Pois eu sei que o amor nunca morre.

__.
Descartando o sempre, ele é muito longe pra mim.
Mas, quem sabe.

???

Será possível de uma fonte só jorrar, água salgada e água pra beber?

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Janta.

Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar
Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade

Eu quis te convencer mas chega de insistir
Caberá ao nosso amor o que há de vir
Pode ser a eternidade má
Caminho em frente pra sentir saudade... ♪
~ Contando os dias pro show. *.*

terça-feira, 2 de setembro de 2008

--'

"É preciso ter um caos dentro
de si para dar à luz
uma estrela cintilante."
Nota: Tou triste e estressada, me esqueçam.