terça-feira, 30 de junho de 2009

Vamos lá...

Hoje eu resolvi olhar a pasta que tem o seu nome, olhei alguns poemas antigos, outros recentes... Aqueles que sei quando você escreveu, os mostrados instantaneamente... E entre tantos textos, encontrei esse. Estou tentando lembrar de quando é, mas não tem data. Deduso que seja desse ano, ou você só me mandou esse ano... Eu adorei essa carta, principalmente as últimas palavras.
Sempre soube que não podemos escolher o que vamos ser na vida de uma pessoa, mas podemos escolher o que ela será na nossa. Você é um grande amigo, e eu te amo muito. Se alguém fora você ler isto, estou certa que não entenderá. Então Nerd, mais um vez te amo demais.

Vamos lá, outra vez...

Não tenho muito o que falar ultimamente, nem para você nem para ninguém. As palavras estão simplesmente enferrujadas sabe? Foram dias de alegria, com certeza foram dias bastante movimentados e estranhos.

Nesses dias mesclei sentimentos dentro de uma tigela e os devorei pouco a pouco.

Saiba que eu te esperei, mas por dentro chegou um ponto em que eu não agüentava mais, queria chorar e estava desesperado. Nestes dias mórbidos, eu fazia de tudo para te esquecer, podes crer. Mas, tudo muda, mas eu só mudo minha cabeça se for melhor pra mim, e se eu estiver afim. Os sentimentos foram mudando, por mais que em um dia eu tenha pensado em desistir, este desejo fazia com que o sentimento se fortalecesse eu não me arrependo em determinado momento ter olhado para traz e pensado, que merda.

Ah mas entenda por favor, que tudo que eu fiz não foi apenas para ti, eu fiz por mim também. De certa forma, aquelas coisas que eu queria te falar vão ser ditas em breve. E as coisas das quais eu me arrependia já não me arrependo mais. De nenhuma atitude, ou palavra. Não me arrependo de nada. Eu gosto de cartas e escreverei muitas para você independente de nossa relação, amizade ou... enfim quero que saiba que eu adorei os últimos dias, e que os próximos serão bem melhores. Amiga? Posso te dizer uma coisa? Isso você nunca vai deixar de ser.


quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dá-me a tua mão

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

domingo, 21 de junho de 2009

Ariesphinx

Montanha e chão. Neve e lava,
Humildade da umidade.
Quem disse que eu não te amanva?
Amo-te mais que a verdade.

E de resto o que é a verdade?
E de resto o que é a poesia?
E o que é, nesta guerra fria,
Qualquer pura realidade?

Então, tão-só no passado
Quero situar o meu sonho
Faço como tu e, mudado
Em ariesphinx, sotoponho...

Manuel Bandeira.

sábado, 20 de junho de 2009

A paz

Ter em minhas mãos
Uns jardins com sol,
Com o primeiro sol;
Saber que amanhece
Em meu coração;
Ouvir de manhã
Uma única voz...

É tudo o que quero.

Regressar sem ódios,
Calmo adormecer,
Sonhar ter nas mãos
Silindras com sol,
Com o último sol;
Dormir escutando
Uma única voz...

É tudo o que quero.



~ Juan Ramón Jiménez

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Chartres

Pedras, o que me espanta
Não é que tenhais resistido
Por tanto tempo a tanto vento e a neve tanta:
Pois não vos tinham construido
Para arrostar nesta colina
O inverno e o vento desabrido?

Meu espanto é que suportais,
Sem vos gastardes, nossos olhos,
Nossos olhos mortais.



~ Archibald Mcleish.