terça-feira, 27 de julho de 2010

Clube da esquina

Noite chegou outra vez, de novo na esquina
Os homens estão todos, se acham imortais
Dividem a noite, e lua e até solidão
Neste clube, a gente sozinha se vê pela última vez
À espera do dia, naquela calçada
Fugindo de outro lugar perto da noite estou
O rumo encontro nas pedras
Encontro de vez um grande país
Eu espero, espero do fundo da noite chegar
Mas agora eu quero tomar suas mãos
Vou buscá-la aonde for
Venha até a esquina

Você não conhece o futuro
Que eu tenho nas mãos
Agora as portas vão todas se fechar
No claro do dia, o novo encontrarei
E no curral D'el Rey
Janelas se abram ao negro do mundo lunar
Mas eu não me acho perdido
No fundo da noite partiu minha voz
Já é hora do corpo vencer a manhã
Outro dia já vem e a vida se cansa na esquina
Fugindo, fugindo pra outro lugar

Milton Nascimento

terça-feira, 6 de julho de 2010

Uma borboleta
esvoaça no ar tépido
da tarde.
Antes crisálidas
agora asas /pétalas
em movimento
abanando
O calor das pedras.
Cores e forma
num vai e vem
desenhando lantejoulas
na pele do vento

Julio Rodrigues

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A desalambrar

Yo pregunto a los presentes
Si no se han puesto a pensar
Que esta tierra es de nosotros
Y no del que tenga mas

Yo pregunto si en la tierra
Nunca habrá pensado usted
Que si las manos son nuestras
Es nuestro lo que nos den

A desalambrar A desalambrar
Que la tierra es nuestra
Tuya y de aquel
De pedro y maria
De juan y jose

Si molesto con mi canto
Alguno que venga a oír
Le aseguro que es un gringo
O un dueño de este país

Victor Jara

domingo, 4 de julho de 2010

Tanto mar

Sei que está em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim
Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor no teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, que é preciso, pá
Navegar, navegar
Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
Ainda guardo renitente
Um velho cravo para mim
Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto de jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei, também, quanto é preciso, pá
Navegar, navegar
Canta primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

Chico Buarque
Post para o dia 02/07/10 (já que não pude postar no dia)



Pois é, 3 meses ou o mesmo tempo de duração de uma estação do ano, ou como cada um queira chamar. É tão feliz olhar assim pra tudo e pensar: que bom que está tudo bem.
Cada palavra, cada sorriso, cada lágrima, cada abraço, cada beijo, cada conversa... Olhar pra tras e dizermos: enfim, conseguimos.
E de nada me arrependo e de tudo me alegro. E fico aqui com cara de abestalhada e com um coração irradiante por estar exatamente no lugar onde eu quero estar.
E a vida está ai, pra nos mostrar mais, nos ensinar mais e é satisfatório saber que tanto que aprendi, tanto que ainda vou aprender, você estava e vai estar.

É muito amor, não tenho dúvida disso.

E esse textinho é pra você: meu amigo, meu companheiro, meu nerd, meu poeta, meu porto seguro, meu amor.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Meditação

Quem acreditou
No amor, no sorriso, na flor
Entao sonhou, sonhou...
E perdeu a paz
O amor, o sorriso e a flor
Se transformam depressa demais

Quem, no coraçao
Abrigou a tristeza de ver tudo isto se perder
E, na solidao
Procurou um caminho e seguiu,
Já descrente de um dia feliz

Quem chorou, chorou
E tanto que seu pranto já secou
Quem depois voltou
Ao amor, ao sorriso e à flor
Então tudo encontrou
E a própria dor
Revelou o caminho do amor
E a tristeza acabou

Antônio Carlos Jobim