segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Tiago

Por mais que goste das palavras, sou péssima com elas, queria ser poeta, mas sei que não é algo que escolhemos, mas sentimos...
Voltando pra casa, vi que tinha que retribuir tamanho carinho e aqui está.
Não sou poeta como és, mas faço um bom uso daquilo que conheço e esse aqui é com todo carinho pra você nerd. Te amo!

"Tiago! Nome assim
Não parece de homem não.
De estrela alfa, isso sim,
De grande constelação.

Você sempre foi, aliás,
No seu ar fino e galhardo,
Digno do nome que traz,
Meu caro amigo Tiago."

Manuel Bandeira
Vagar pelos rastros da estrelas
contigo ser impossível
debulhando os grãos do Tempo
pelos prados da graça
atrelados à cauda da brisa sideral
os olhos colorindo os espaços virgens
desdobrando lâminas de eternidades
recompondo os séculos acumulados
na ordem plácida da alma
sem partida nem chegada
sem saber
como os deuses não iniciados
matéria florindo o instinto
corpos
apenas corpos ondulantes
na lentidão sagrada da harmonia.

R. Roldan-Roldan

domingo, 29 de novembro de 2009

Papagaios de papel

Quando eu era pequeno, venturoso,
Meus lindos papagaios empinando,
Dizia: — Não há nada mais pomposo
Que um papagaio de papel voando.

Cresci!...

Hoje, tristonho, pesaroso
Esses brinquedos de papel, olhando,
Logo descubro o vulto carunchoso
Dos que sobem a tudo se apegando.

Tipos que sobem de alma feita em trapos,
Mostrando ao mundo, despreocupados,
Uma cauda nojenta de farrapos...

Tipos de nulidade tão cruel!
Que só sabem subir encabrestados
Como esses papagaios de papel.

R. Petit

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O silêncio da flor

Foi quando as flores não vingaram frutos:
(nos secos ramos, ressecaram tardes)
as folhas murchas despencaram pálidas
se dispersaram contornando rastros

pelos caminhos conspiravam fugas
levando marcas de uma morte lenta,
porque raízes omitiram seiva
para mante-las sempre ao caule, sempre...

mas foi da terra sim, que a morte veio
do chão que a planta ruminava nuvens,
o fio de água, transformado em lodo,
contido pela rigidez da argila.

Foi quando as folhas se acharam adubo:
(nas secas tardes, renasceram ramos)
antigas folhas inundando o caule,
imune seiva, frutos-flores, quando...

Majela Colares

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Poema anônimo

O poema que não fiz
(mas sempre canto)
está mais em mim
que muitos...
(pouco que escrevi)
é o mais inconstante
indefinido
dos poemas que vivi

o poema que não fiz
traduz meu mundo
está implícito...
único
em meu verso
já não sei quem sou
quem ele é
- fundiram-se todos os limites

O poema que não fiz
sorri comigo e sofre
e dorme e finge...
pensa a anônima forma
só para não ser,
enfim, subjuntivo

o poema que não fiz
surge do nada
e conspira a relatividade do tudo
(é a razão variável do verbo)
não há palavras
não há gestos
metáforas
tinta
que o descreva

o poema que não fiz
(mas sempre canto)
fecunda a própria poesia
que me seduz a vida inteira

Majela Colares (conheci hoje e estou gostando)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Abstração

"Ando um pouco em falta com o blog, mas as coisas por aqui não andaram muito bem, e só agora parece que as coisas voltaram um pouco pro seu lugar (mas por enquanto, bem pouco).
Se alguém me perguntasse agora um "tudo bem", responderia instataneamente que sim, talvez por força do hábito, mas nem sei se as coisas estão tão bem assim.
Estou mais um vez confusa, talvez triste, não sei dizer. "



Há determinados momentos em que penso em você.
Passo o tempo, divago, montando os teus pedaços.
Recorto lembranças, brinco com peças de fácil encaixe que se misturam e se separam.
Logo que te resgato perco o foco da visão.
Busco o teu cheiro no canto das minhas unhas.
Uso teus beijos, apelos, mensagens teus ditos, segredos, olhares.
Uso tua boca, teus olhos num sorriso.
Em determinados momentos há um pensamento em você.
O tempo passa, monto teu retrato com este material abstrato.

Rômulo Gouvêa

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos; Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos ou não sentimos; Podemos prometer atos, mas não podemos prometer sentimentos... Atos são pássaros engailoados, sentimentos são passaros em vôo.

Mario Quintana

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vai passar
Esse meu mal estar
Esse nó na garganta
Deixe estar...
O próprio tempo dirá
Água demais mata a planta

Tudo que é muito, é demais
Peço: me perdoe a redundância
Entrelinhas só quero lembrar
Que a terra fértil um dia se cansa
É uma questão de esperar
Relógio que atrasa não adianta
E o remédio que cura
Também pode matar
Como água demais mata a planta

Aluísio Machado.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada.

Caio F. Abreu

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Concretismo?!

Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba oh
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba
Bat Macumba ê ê, Bat Macum
Bat Macumba ê ê, Batman
Bat Macumba ê ê, Bat
Bat Macumba ê ê, Ba
Bat Macumba ê ê
Bat Macumba ê
Bat Macumba
Bat Macum
Batman
Bat
Ba
Bat
Bat Ma
Bat Macum
Bat Macumba
Bat Macumba ê
Bat Macumba ê ê
Bat Macumba ê ê, Ba
Bat Macumba ê ê, Bat
Bat Macumba ê ê, Batman
Bat Macumba ê ê, Bat Macum
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba oh
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá
Bat Macumba ê ê, Bat Macumba obá!

Panis et circences

Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer

Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar...


Tropicália

Ser feliz o tempo inteiro cansa.
E essa história de que tudo na vida tem um propósito, se realmente é verdade, espero que no final me expliquem certas coisas, paro pra pensar e não entendo.
Vai ver é castigo.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

- Então Charlie Brown...

...o que é amor pra você?
- Em 1987 meu pai tinha um carro azul
- Mas o que isso tem a ver com amor?
- Bom, acontece que todos os dias ele dava carona pra uma moça. Ele saía do carro, abria a porta pra ela, quando ela entrava ele fechava a porta, dava a volta pelo carro e quando ele ia abrir a porta pra entrar, ela apertava a tranca. Ela ficava fazendo caretas e os dois morriam de rir.
...acho que isso é amor!

domingo, 1 de novembro de 2009