quarta-feira, 30 de setembro de 2009

De volta à caixa de abelhas

Com zelo e alguma tristeza, guardo coisas:
cartas antigas, fotos antigas, calendários.
Se me perguntarem a razão, direi que sei, direi que um dia saberei...
Há quase um ano aguardo notícias importantes,
dentro desta caixa de abelhas.
Todas as noites, o carcereiro chega,
põe sua cabeça na pequena grade e ri.
Amanhã mesmo deixo esta coisas, esta caixa.
É algo que assumo cuidadosa, como se soubesse que não vou voltar,
como se conhecesse o rosto que se oculta,
ou como se mentisse, quando sinto que sei.
Ontem mesmo o carcereiro esqueceu-se de vir.
Minhas lembranças zuniram tontas,
entre as paredes desta caixa,
doloridas de saudade.

Kátia Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário